Desde os tempos de Platão o teatro é utilizado com a intenção de educar.
O sábio defendia que até os 10 anos, a educação deveria ser predominantemente
física e constituída de brincadeiras e esportes. A ideia era educar a criança
para a vida toda. Em seguida, começaria a etapa da educação musical (abrangendo
música e poesia), para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criariam uma
propensão à justiça, segundo o Filósofo. No passado, estas atividades de
expressão dramática buscavam agregar valores aos cidadãos. Era o meio utilizado
para expandir os conhecimentos, e formar uma personalidade. O diretor do Cena
Hum, George Maeda explica que um dos benefícios ao se estudar teatro é fazer
com que a criança participe e represente, e isto inclui a vantagem do aluno
aprender a improvisar. Desenvolver a oralidade, a expressão corporal, a
impostação de voz, além de aprender a se entrosar e trabalhar em equipe. É o
que assina embaixo o jovem ator Higor Augusto de 15 anos, que já escreveu
várias peças, muitas apresentadas na própria escola. “O que de melhor eu tirei
das aulas de teatro é aprender a trabalhar em equipe”, avalia. O lado emocional
também é trabalhado, e a criança adquire autoconfiança, desenvolve a redação,
apreende disciplina e entra em contato com textos clássicos. Uma vez por
semana, no Cena Hum, as crianças fazem leituras de obras de renomados
escritores, para desenvolver e incentivar a imaginação. Muitas crianças saem
das escolas de teatro para a televisão, mas Maeda diz que este não é o foco. “ ”O
objetivo é que a criança descubra a importância da arte na vida, descubra o seu
mundo”. Desde a época da colonização o teatro fez parte de nosso cotidiano. Os
padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega o utilizavam como forma de
catequizar os índios que aqui estavam. O teatro infantil, surgido no Brasil a
partir dos anos 1970, hoje é apresentado como função pedagógica também. A
pedagoga Livia Castanheira, fala que “muitas crianças começam a fazer teatro
porque são diagnosticadas com alguma deficiência cognitiva, ou são encaminhadas
por psicólogos, neurologistas. O teatro pode ajudar em seu tratamento, pois
contribui para o desenvolvimento da expressão e comunicação”.
Formando
plateias — A cirurgiã
dentista Maria Inês Lopes começou a levar seus filhos ao teatro quando a mais
velha, Laura, tinha um ano. Maria Inês a levava para assistir peças do teatro
de bonecos que se apresentava no Largo da Ordem. Hoje, Laura tem 16 anos, e
Enzo, o mais novo, 13. O gosto pela arte se desenvolveu tanto que eles já
cantaram no Coral Brasileirinho, e participaram de diversas peças como atores.
Enzo já fez teatro até para a Volvo em eventos que a Empresa realizava para
apresentar seus maquinários, orgulha-se a mãe. A dentista afirma, “que são
muitos os benefícios do teatro”. Mas o que ela aponta como principal
aprendizado é que seus filhos se tornaram crianças desinibidas, disciplinadas e
pacientes. “Até porque, é necessário fazer uma cena várias vezes até que fique
boa”, finaliza Maria Inês.
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