Ecos da Revolução Federalista

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Gumercindo Saraiva (terceiro sentado, da esquerda para a direita) com oficiais

A Revolução Federalista começou no sul do Brasil e teve como causa a vontade política de parte da população de libertar o Rio Grande do Sul do tirânico Júlio Prates de Castilhos, à época presidente daquela Província. Disputas locais sangrentas acabaram em guerra civil ocorrida entre fevereiro de 1893 e agosto de 1895 e vencida pelos seguidores de Júlio de Castilhos, os chamados “pica-paus”. A luta armada atingiu regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, chegando ao Paraná. O atrito se dava entre os que procuravam a autonomia estadual frente ao poder federal (apelidados de maragatos) e o que se mantinham com Floriano Peixoto, presidente da república altamente centralizador.
Quando Gumercindo chegou a Curitiba, em 1894, as tropas florianistas deixaram a cidade desguarnecida, abandonaram suas defesas e recuaram, mantendo poucos soldados na defesa da população, que ficou entregue à própria sorte. Os soldados gaúchos tinham vindo da Lapa, onde haviam enfrentado uma resistência feroz durante 26 dias- o chamado cerco da Lapa. Estavam enfraquecidos e buscavam se reorganizar e obter novos recursos para a campanha.
Na tentativa de evitar saques, mortes e estupros, os políticos que não haviam deixado a cidade, comerciantes e industriais fizeram um acordo com Gumercindo Saraiva. Nele, ficava estabelecido que, se a população não sofresse violência por parte dos magaratos, a comunidade lhes pagariam um tributo de guerra. Com o acordo estabelecido, a cidade foi poupada.
Após sucessivas lutas e atos de heroísmo, os federalistas foram derrotados e, com a volta das tropas legais à cidade, foi feito um sangrento “acerto de contas”.
Em Curitiba, durante a invasão, o povo achou por bem recorrer a Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, principal industrial da cidade e fundador da Associação Comercial do Paraná. Serro Azul criou uma  junta Governativa do Comércio, que reuniu recursos para um “empréstimo de guerra” e foi Gumercindo a fim de negociar a preservação da comunidade e da cidade.
Finda a revolução, foi a vez de Floriando Peixoto prestar contas com todos aqueles que julgava apoiadores dos rebeldes. No Paraná, dezenas de pessoas, entre civis e militares foram executados sumariamente – foi o caso do Barão do Serro Azul, fuzilado no quilômetro 60 da ferrovia  Curitiba – Paranaguá; em Santa Catarina, o número de mortos chegou a centenas.
A Revolução Federalista foi vencida pelo governo em junho de 1895, no combate de Campo Osório, no Rio Grande do Sul. Saldanha da Gama, possuidor de um contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os “pica- paus” comandado pelo general Hipólito Ribeiro. A paz finalmente foi assinada em Pelotas no dia 23 de agosto de 1895.
Obrigado a recuar na fronteira das Províncias do Paraná e de São Paulo, Gumercindo Saraiva iniciou o seu retorno ao Rio Grande do Sul. Em sua marcha ao longo de todo o conflito, da partida de Jaguarão (RS) até o retorno ao Rio Grande do Sul, o Saraiva e suas tropas percorreram a cavalo um trajeto de mais de três mil quilômetros.
Em 27 de junho de 1894, Gumercindo enfrentou sua última batalha. No dia 10 de agosto morreu com um tiro no tórax, disparado à traição, antes de iniciar a Batalha do Carovi (no município gaúcho de Santiago). Dois dias depois de enterrado, seu corpo foi retirado da cova, teve a cabeça decepada e levada em uma caixa de chapéu ao governador Júlio de Castilhos. Seu corpo, mais tarde, foi levado e sepultado no cemitério municipal de Santa Vitória do Palmar – sem a cabeça.
Lendas – Entre lendas e fatos sobre o General Gumercindo Saraiva encontram-se duas histórias famosas, verdadeiras, relativas à sua estada em Curitiba. Numa ocasião em que os seus soldados foram acusados de roubar uma coleção de moedas do Museu Paranaense, a título de ressarcimento Gumercindo Saraiva doou sua espada ao acervo da instituição, onde se encontra até hoje.
Em outra ocasião, um soldado de nome Diniz matou uma mulher com uma navalha. Irritado, Gumercindo o condenou à morte por decapitação.



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