Crédito: Agência Brasil |
Há mais de 400 anos no Brasil, o povo cigano ainda
combate velhos preconceitos e luta para ter a cultura reconhecida. A
estimativa é que existam cerca de 1 milhão de ciganos no país – a maioria é
analfabeta e não tem acesso a serviços públicos.
Ao visitarmos um acampamento de ciganos em Cerro
Azul PR, cidade localizada a 108 Km da Capital Paranaense Curitiba, encontramos
um povo receptivo, estavam felizes com a nossa presença ali.
Mulheres de saias rodadas e coloridas, dentes de ouro,
alguns com desenhos exóticos. Histórias de vida, de força e simplicidade
foi a imagem que transpareceu em nossa visita.
Conhecer a cultura deste povo, nos dá a responsabilidade de ajudá-los neste
processo de inclusão ao qual estão vivendo.
Cláudio Iovanovitchi (Presidente da Associação de Preservação da Cultura
Cigana) nos fala um pouco sobre a origem do povo cigano, apesar de não haver um
consenso; essa é a versão mais aceita: Aponta que esse povo nasceu no Norte da
Índia, na região onde hoje está o Paquistão, por volta de 4 mil anos atrás. A
partir dali, se espalharam pelo mundo, seguindo a crença de que sua pátria é o
lugar onde estão os seus pés.
Vivendo em tendas homens, mulheres, e crianças, a situação é precária. As
tendas são montadas com lonas, e o chão é de Terra. Em uma das tendas notamos a
presença de uma horta com cebolinhas, e de um peru que futuramente será usado
em umas das refeições da família.
Crédito: Agência Brasil |
Os ciganos não possuem RG, CPF, ou qualquer documento que comprovem a sua
existência, alguns não sabem nem a cidade onde nasceram (por terem uma vida
nômade).
Nos acampamentos ciganos um de seus lemas é: “O tempo é uma ilusão”. Não
comemoram datas festivas, nem mesmo os aniversários. (Pois não sabem o dia de
seus nascimentos).
A falta de documentos dificulta o acesso à postos de saúde, hospitais, escolas e
a colocarem bens em seus nomes. Os ciganos enfrentam também o preconceito, são
taxados como falsos, ladrões que roubam crianças.
As únicas formas que lhes restaram de sobrevivência são a venda de raízes,
cavalos, utensílios domésticos e agora estão negociando também carros. As
mulheres leem mãos: ”é tudo o que nos restou, os ciganos também têm
necessidades, como qualquer outro cidadão”, diz Iovanovitchi.
O Brasil abriga hoje em torno de um milhão de ciganos. No governo de Lula o presidente os chamou
para uma conversa afim de ouvir o que eles têm a dizer, começando assim as práticas de inclusão.
Com isso o Brasil saiu na frente de outros países adotando tais medidas.
Diferente por exemplo da França que na época foi palco da expulsão de 700 ciganos e
búlgaros com a alegação de viverem ilegalmente no país. No Brasil também eles
ganharam por decreto o dia nacional do cigano que é no dia 24 de maio.
Uma história destas que a gente só escuta de ouvir falar, mas nunca do próprio
relator, é a história de seu Walcyl, que descobriu depois de uma vida inteira
ser cigano. A mãe no leito de morte lhe contou este segredo. Aos 40 anos de
idade descobriu sua verdadeira origem, hoje jornalista esportivo, luta ao lado
de Claudio Iovanovitchi, representando o seu povo junto ao governo federal.
E muitas outras histórias nos foram relatadas: De pessoas que se apaixonaram
por ciganos e largaram tudo para viverem como nômades ao lado de seus amores.
No Brasil já é um fato, que este povo hoje contabiliza em torno de um milhão de
habitantes, não permitindo mais que estejamos indiferentes. É necessário
respeitarmos seus direitos como cidadãos, criando políticas públicas e adotando
medidas de inclusão.
Uma receita é a empatia, se colocar no lugar do discriminado, conhecer a história e a cultura é o primeiro passo. Muitos de nós só ouvimos
falar dos ciganos e vamos repassando a ideia do senso comum, e fazemos o famoso telefone sem fio. Somos
todos cidadãos que desejamos ser aceitos, sejamos o primeiro a incluir.
Veja alguns ciganos famosos:
Com mais de 50 milhões de discos vendidos, Benito nasceu em Nova Friburgo (RJ), no dia 28 de novembro de 1941.
Pianista, cantor e compositor Benito é um dos grandes nomes da canção nacional dos anos 70, seu estilo musical é conhecido como "samba joia", ao combinar o samba tradicional com piano e arranjos românticos e jazzisticos.
Juscelino Kubstchek nasceu em 12 de setembro de 1902 em Diamantina (MG), foi médico e político brasileiro.
Conhecido com JK, foi prefeito de Belo Horizonte entre 1940 à 1945. Governador de Minas Gerais de 1951-1955 e presidente do Brasil de 1956 à 1961. Sua mãe Júlia Kubstchek tinha a etnia cigana.
Washington Luís nasceu em 26 de outubro de 1869 em Macaé (RJ), além de advogado, historiador Washington foi a primeira personalidade brasileira de origem cigana a governar o Brasil. Descendente da etnia Kale/Calon ele foi presidente de (1926-1930).
Charles Chaplin também pode ter nascido em uma família
cigana, sua mãe Hannah era descendente de ciganos.
Especulações revelam que ele pode ter nascido em uma
caravana intitulada de “Rainha dos Ciganos” em Black Patch, uma próspera
comunidade cigana em vez de Londres.
Manfried Sant'Anna, mais conhecido como Dedé
Santana nasceu no dia 9 de maio de 1936 em São Gonçalo (Rio de Janeiro). De
família cigana, ele foi criado nos picadeiros, sua mãe era contorcionista e seu
tio o humorista Colé Santana.
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