Gumercindo Saraiva (terceiro sentado, da esquerda para a direita) com oficiais
A
Revolução Federalista começou no sul do Brasil e teve como causa a vontade
política de parte da população de libertar o Rio Grande do Sul do tirânico
Júlio Prates de Castilhos, à época presidente daquela Província. Disputas
locais sangrentas acabaram em guerra civil ocorrida entre fevereiro de 1893 e
agosto de 1895 e vencida pelos seguidores de Júlio de Castilhos, os chamados “pica-paus”.
A luta armada atingiu regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina,
chegando ao Paraná. O atrito se dava entre os que procuravam a autonomia
estadual frente ao poder federal (apelidados de maragatos) e o que se mantinham
com Floriano Peixoto, presidente da república altamente centralizador.
Quando
Gumercindo chegou a Curitiba, em 1894, as tropas florianistas deixaram a cidade
desguarnecida, abandonaram suas defesas e recuaram, mantendo poucos soldados na
defesa da população, que ficou entregue à própria sorte. Os soldados gaúchos
tinham vindo da Lapa, onde haviam enfrentado uma resistência feroz durante 26
dias- o chamado cerco da Lapa. Estavam enfraquecidos e buscavam se reorganizar
e obter novos recursos para a campanha.
Na
tentativa de evitar saques, mortes e estupros, os políticos que não haviam
deixado a cidade, comerciantes e industriais fizeram um acordo com Gumercindo
Saraiva. Nele, ficava estabelecido que, se a população não sofresse violência
por parte dos magaratos, a comunidade lhes pagariam um tributo de guerra. Com o
acordo estabelecido, a cidade foi poupada.
Após
sucessivas lutas e atos de heroísmo, os federalistas foram derrotados e, com a
volta das tropas legais à cidade, foi feito um sangrento “acerto de contas”.
Em
Curitiba, durante a invasão, o povo achou por bem recorrer a Ildefonso Pereira
Correia, o Barão do Serro Azul, principal industrial da cidade e fundador da
Associação Comercial do Paraná. Serro Azul criou uma junta Governativa do Comércio, que reuniu
recursos para um “empréstimo de guerra” e foi Gumercindo a fim de negociar a
preservação da comunidade e da cidade.
Finda
a revolução, foi a vez de Floriando Peixoto prestar contas com todos aqueles
que julgava apoiadores dos rebeldes. No Paraná, dezenas de pessoas, entre civis
e militares foram executados sumariamente – foi o caso do Barão do Serro Azul,
fuzilado no quilômetro 60 da ferrovia
Curitiba – Paranaguá; em Santa Catarina, o número de mortos chegou a centenas.
A
Revolução Federalista foi vencida pelo governo em junho de 1895, no combate de
Campo Osório, no Rio Grande do Sul. Saldanha da Gama, possuidor de um
contingente de 400 homens, lutou até a morte contra os “pica- paus” comandado
pelo general Hipólito Ribeiro. A paz finalmente foi assinada em Pelotas no dia
23 de agosto de 1895.
Obrigado
a recuar na fronteira das Províncias do Paraná e de São Paulo, Gumercindo
Saraiva iniciou o seu retorno ao Rio Grande do Sul. Em sua marcha ao longo de
todo o conflito, da partida de Jaguarão (RS) até o retorno ao Rio Grande do
Sul, o Saraiva e suas tropas percorreram a cavalo um trajeto de mais de três
mil quilômetros.
Em
27 de junho de 1894, Gumercindo enfrentou sua última batalha. No dia 10 de
agosto morreu com um tiro no tórax, disparado à traição, antes de iniciar a
Batalha do Carovi (no município gaúcho de Santiago). Dois dias depois de
enterrado, seu corpo foi retirado da cova, teve a cabeça decepada e levada em
uma caixa de chapéu ao governador Júlio de Castilhos. Seu corpo, mais tarde,
foi levado e sepultado no cemitério municipal de Santa Vitória do Palmar – sem a
cabeça.
Lendas
– Entre lendas e fatos sobre o General Gumercindo Saraiva encontram-se duas
histórias famosas, verdadeiras, relativas à sua estada em Curitiba. Numa
ocasião em que os seus soldados foram acusados de roubar uma coleção de moedas
do Museu Paranaense, a título de ressarcimento Gumercindo Saraiva doou sua
espada ao acervo da instituição, onde se encontra até hoje.
Em
outra ocasião, um soldado de nome Diniz matou uma mulher com uma navalha.
Irritado, Gumercindo o condenou à morte por decapitação.
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